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segunda-feira, 7 de agosto de 2006

A insistência em "deletar" o nome de Santos-Dumont...

Uma simples consulta ao Google com o argumento "centennial +Wright", mais do que "resultados", nos retorna um fato: os americanos realmente se mobilizaram em 2003 para comemorar o "centenário" deles.

Porém, fica a impressão de que houve uma mobilização ainda maior: a tentativa de excluir quaisquer referências ao nome de Alberto Santos-Dumont das listas (e como eles adoram listas, não?) de percussores da aeronáutica.

Bom, eles devem ter algum motivo sério para isso, não é mesmo? Um motivo (lógico?), por exemplo, poderia ser o de tentar manter uma certa verossimilhança à história que eles repetem (sobre os próprios Wright Bros.) há décadas? É, nesse caso, faz todo sentido "deletar" o nome de Santos-Dumont das tais listas...

Vale lembrar as palavras que Santos-Dumont escreveu em "O que eu vi. O que nós veremos" a respeito dessa já tão longa história. Escreveu Santos-Dumont:

"No ano seguinte o aeroplano Farman fez vôos que se tornaram célebres; foi esse inventor-aviador que primeiro conseguiu um vôo de ida e volta. Depois dele, veio Bleriot, e só dois anos mais tarde é que os irmãos Wright fazem os seus vôos. É verdade que eles dizem ter feito outros, porém às escondidas. Eu não quero tirar em nada o mérito dos irmãos Wright, por quem tenho a maior admiração; mas é inegável que, só depois de nós, se apresentaram eles com um aparelho superior aos nossos, dizendo que era cópia de um que tinham construído antes dos nossos. Logo depois dos irmãos Wright, aparece Levavassor com o aeroplano "Antoinette", superior a tudo quanto, então, existia; Levavassor havia já 20 anos que trabalhava em resolver o problema do vôo; poderia, pois, dizer que o seu aparelho era cópia de outro construído muitos anos antes. Mas não o fez. O que diriam Edison, Graham Bell ou Marconi se, depois que apresentaram em público a lâmpada elétrica, o telefone e o telégrafo sem fios, um outro inventor se apresentasse com uma melhor lâmpada elétrica, telefone ou aparelho de telefonia sem fios dizendo que os tinha construído antes deles?! A quem a humanidade deve a navegação aérea pelo mais pesado que o ar? Às experiências dos irmãos Wright, feitas às escondidas (eles são os próprios a dizer que fizeram todo o possível para que não transpirasse nada dos resultados de suas experiências) e que estavam tão ignoradas no mundo, que vemos todos qualificarem os meus 250 metros de "minuto memorável na história da aviação", ou é aos Farman, Bleriot e a mim que fizemos todas as nossas demonstrações diante de comissões científicas e em plena luz do sol?"

Voltando às tais "listas", vejam, por exemplo esta, a dos 100 hérois da aviação da "First Flight" Foundation: tem Louis Blériot (e é claro que ele deve fazer parte da lista), por exemplo, mas não tem Santos-Dumont. Os dois estavam, em 12 de novembro de 1906, no campo de Bagatelle. Santos-Dumont voou com o 14-Bis. Blériot não saiu do chão.

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